quinta-feira, 26 de junho de 2008

O celular em sua vida

Texto: Roberta Vasconcellos
Foto: Janete Trichez

Até o final da década de 80, as pessoas usavam tranquilamente, embora a valores altos, a telefonia fixa. Cada residência, pelo menos daquelas famílias que tinham condições de pagar as mensalidades e ainda comprar o número de telefone, tinha um, e assim, as pessoas viveram por muitos séculos saudavelmente.

A partir do início da década de 90 a telefonia móvel surgiu e o Rio de Janeiro foi a primeira cidade que recebeu a tecnologia no Brasil. Desde então, ano após ano antenas foram instaladas em outras cidades e dessa forma o celular foi ganhando o seu espaço em todas as famílias brasileiras.

No final da década de 90 o pré-pago surgiu, e assim, para aquelas pessoas que não tinham condições de pagar a mensalidade e utilizar o serviço perceberam uma boa opção para estar disponível em tempo integral e dessa forma começaram a se beneficiar também da comodidade oferecida pela tecnologia.

O mercado

Em pesquisa recente divulgada pela Anatel (Agência Nacional de Telefonia), em maio deste ano o Brasil chegou a 130.558.360 assinantes no Serviço Móvel Pessoal (SMP). Do total de acessos, 105.682.722 (80,95%) são pré-pagos e 24.875.638 (19,05%), pós-pagos.

A teledensidade, que é o indicador utilizado internacionalmente para demonstrar o número de telefones em serviço em cada grupo de 100 habitantes também tende ao crescimento. Em maio deste ano, segundo Anatel o Brasil alcançou o índice de 68,23, comparado a maio de 2007, quando o índice era de 55,68, o crescimento foi de 22,54%.

A pesquisa

Se por um lado a tecnologia vem para beneficiar o convívio em sociedade, as relações familiares e também profissionais, agilizando a transmissão de informações e também evitando mortes, salvando vidas, fotografando fatos inéditos. Por outro, tem tirado a privacidade de muitas pessoas, atrapalhado o bom andamento de aulas em colégios e faculdades, gerando constrangimentos em ônibus, mas o pior mesmo, e que ninguém tem observado, é que esse “amigo” pode se transformar em “bicho papão”.

O uso desenfreado do celular gera exorbitantes lucros para as empresas prestadoras de serviços, mas para o usuário final, as conseqüências a longo prazo podem ser bastante diferentes, especialmente ao se tratar da saúde. As radiações emitidas pelas antenas podem gerar danos irreparáveis na vida das pessoas. Mas, se a maioria ainda prefere acreditar que isso tudo não passa de mitos, basta ver os números já mencionados.

José Carlos Virtuoso (44), mestre em Ciências Ambientais, chegou a essa conclusão depois de estudar o tema em sua tese de mestrado, que tomou como base de discussão a implantação de antenas de telefonia móvel em bairros residenciais de Criciúma (SC) e região, especialmente no Bairro Michel e no Centro de Içara (SC).

Virtuoso coletou informações numa pesquisa de campo que revelaram a existência de um problema social, constituído a partir do temor que as pessoas têm em relação aos possíveis riscos a que são submetidas em função da exposição aos campos eletromagnéticos das torres de telefonia móvel.

O pesquisador ouviu ainda relatos de pessoas que apresentaram casos de doenças, como cânceres, tumores e depressão, ou sintomas como insônia, dores de cabeça e ansiedade. A forte preocupação estimulou a própria população a fazer experimentos com embriões de aves, realizados próximos a ERBs (Estações Rádio Base), cujos resultados – a despeito da falta de rigor científico – indicam que as autoridades da área da Saúde, por meio da Vigilância Sanitária, deveriam fazer um acompanhamento epidemiológico.

Esses estudos ainda estão surgindo, de forma lenta e paulatinamente no Brasil, mas pelo certo ou duvidoso, com a saúde não se brinca. “Até que seja comprovado através de estudos científicos, devemos nos policiar para minimizar os efeitos das radiações ao longo de nossa vida”, sugere Virtuoso.

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