segunda-feira, 11 de maio de 2009

Medalha de ouro para o paratletismo

Por Maryelle Marcolino Cardoso

Cinco de janeiro de 2005, 11 horas da manhã. Três amigas comemoram a virada do ano em Imbituba, foi então que resolveram subir em uma laje para bater fotos. Lá em cima encostaram-se em um muro que cedeu, causando a queda de uma delas. A jovem cai em um buraco de quatro metros de profundidade, batendo a coluna no meio fio, causando uma lesão instantaneamente.

Aparentemente a vida dessa moça acaba nesse momento, mas não foi assim para Michele Andrade Ramos, de 25 anos, que encontrou forças no paratletismo para dar a volta por cima e continuar a viver.

Na hora ela tinha percebido o que tinha lhe acontecido. “Fiquei calma, mas pensei comigo: agora me ferrei”. Socorrida pelo corpo de bombeiros, foi levada pelo helicóptero Águia I para o hospital Celso Ramos, Florianópolis, e operada no mesmo dia. Michele tinha uma vida ativa antes do acidente, trabalhava em tempo integral como auxiliar de expedição em uma joalheria. Sua rotina incluía sair com os amigos, ir para a balada e namorar.

Depois do incidente, ela teve que mudar sua rotina, se recuperar para se adaptar em sua nova vida. “Fiquei dois anos em casa me recuperando”, diz ela. “Depois fui para o Sarah Kubitscheck em Brasília me adaptar com a cadeira de rodas”, completa.

Com o tempo tudo foi se encaixando, sua casa foi adaptada para um cadeirante. “Onde tinha escada foi colocado rampa, e o banheiro também foi adaptado”, relata Michele.

Mas o grande desafio é a adaptação social. “Percebi que as pessoas começaram a me olhar de outro jeito”, diz ela. Com a ajuda da Judecri (Jovens Unidos Deficientes Físicos de Criciúma), essa barreira foi quebrada e superada. “Na Associação fiz novos amigos e através do paratletismo mudei minha maneira de ver o mundo”, conta a paratleta. O paratletismo é uma das atividades que a Associação disponibiliza para os deficientes. Foi nas categorias dardo e peso que Michele obteve medalha de ouro, e, mais que as medalhas, ela conseguiu superar suas próprias barreiras físicas e psicológicas.

Agora em sua nova vida ela mostra que é possível ter uma rotina normal. Na parte da manhã treina para as competições de paratletismo e faz academia, é diretora do departamento esportivo da Judecri, e no período noturno faz faculdade de Psicologia. “Antes do acidente, nem pensava em fazer faculdade, achava que não seria possível, apenas depois do acidente e de ter superado tantos desafios percebi que isso estava ao meu alcance”, completa Michele.

Judecri

A associação filantrópica Judecri (Jovens Unidos Deficientes Físicos de Criciúma) tem como um dos principais objetivos a inclusão social. Com 20 anos de estrada, disponibiliza para seus frequentadores lazer, cultura e esporte. Expõe os deveres e principalmente os direitos de um deficiente físico na vida social. As reuniões acontecem aos sábados, a partir das 14 h, na sede da Judecri.

O paratletismo

Desde 1989 o paratletismo vem trazendo medalhas para a Associação. Com o objetivo de interagir e proporcionar uma atividade física, a Judecri através do esporte encontrou uma maneira de trazer emoção e entretenimento para seus associados.

Mais infornações: www.judecriciuma.blogspot.com.br

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